Viver em Londres: a little bit expensive…

Muitos motivos levam uma pessoa a mudar de país: um amor, uma oportunidade de trabalho, a possibilidade de complementar nossos estudos, a vontade de passar um tempo fora “arejando” as ideias e a esperança de ter uma vida melhor.

Assim como muitos de nossos conterrâneos, embarquei para a terra da rainha com a perspectiva de oferecer uma vida com mais segurança, oportunidades e a perspectiva de um futuro um pouco melhor do que poderia oferecer para minhas filhas numa cidade em colapso como São Paulo.

A escolha por Londres – considerada uma das cidades mais caras do mundo (Como nessa materia de janeiro de 2018 onde a cidade e, pela terceira vez, listada como a que possui o aluguel mais caro da Europa www.telegraph.co.uk/property/renting/london-named-expensive-city-europe-rent-third-year-row/ ) – se deu por um motivo bem claro e específico: a possibilidade de continuarmos trabalhando (eu e o Rodrigo) em nossas áreas de atuação profissional usando um idioma que já dominávamos.

Logo que começamos a trabalhar sentimos o baque: salários bem mais baixos (em números absolutos, claro. Nada mais de ganhar oito, nove, dez mil dinheiros para desempenhar sua funcao) do que estávamos acostumados no Brasil. Nenhum tipo de benefício ao trabalhador, além de férias remuneradas. E agora? Que susto levamos.

Mas foi começar a viver nossa rotina aqui que algumas coisas foram se encaixando… e uma delas foi conseguir compreender quanto custa morar em Londres.

Aluguel

O aluguel encabeça a lista das maiores despesas fixas de uma família. Londres tem uma especulação imobiliária estratosférica seguindo a logica de muitas outras grandes cidades pelo  mundo: quanto mais perto das estacoes de metro e do centro da cidade, mais caro (ver mais sobre isso aqui www.secretldn.com/monopoly-board-real-london-rent-prices/ ). No final das contas, pagamos caro por casas não tão boas assim.

A lógica já conhecida por muitos:

Quanto mais perto do centro, mais caro.

 

Escola

Em segundo lugar nessa lista, entra as despesas com a nursery da nossa filha mais nova. Lá se vai mais de £1,000 por três dias da semana. A educacao publica gratuita esta disponivel a partir do terceiro aniversario da crianca, e mesmo assim por apenas 15 horas semanais. Antes disso, voce pode optar por escolas de educacao infantil particulares que cobram, em media, £80 por dia. Caro, não?

Nursery: Valores cobrados no South West, em abril de 2018.

Transporte público

Em terceiro, o transporte público. É caro sim e além de comprometer parte do orçamento do trabalhador londrino, dita algumas regras, como por exemplo em qual região da cidade morar – as zonas são mapeadas de 1 a 6 e tarifados de acordo com a distância percorrida.

Tarifa cobrado por distância percorrida

Se aluguel, escola (que se torna pública a partir do terceiro aniversário da criança) e transporte tomam parte do salário, fique tranquilo pois todo o resto é bem acessível.

Comida

Se alimentar em Londres é barato e tem bastante variedade. Há mercados para todos os bolsos, lojas de produtos importados (brasileiros, árabes, poloneses, jamaicanos, coreanos…), feiras de rua e infinitos take a away.

Para nossa família de 4 pessoas, gastamos em torno de £50 por semana para comer bem, com variedade e qualidade, comprando no Lidl e Sainsbury’s (os mercados mais perto de casa).

Ofertas da semana no Lidl

Utilizando o índice Big Mac – que é um curioso medidor da economia de um país – , a Inglaterra aparece em 22nd lugar. Isso significa que é mais barato comer esse lanche aqui do que na Suíça, nos Estados Unidos ou no Brasil, por exemplo.

Um meal, ou McOferta de big mac, batata e refrigerante custa hoje £4,69. Pensando que o salario minimo é £7,50 por hora, você precisa trabalhar 40 minutos para conseguir comprar um meal.

Em 40 minutos de trabalho você “paga” sua Mc Oferta por aqui…

Dentre as opções de restaurantes que frequentamos, destaco esses três:

1. Paquistanês – quando jantamos comida paquistanesa (entrada, prato principal e bebidas), gastamos em torno de £25.

2. Italiano – nunca tem erro e é barato. Com prato principal e bebida alcoólica nunca gastamos mais do que £40.

3. Pubs – o mais “salgado” entre as nossas opções. Três pratos – que pode ser carne, fish and chips ou hambúrgueres -, cervejas e refrigerante pagamos algo em torno de £60.

Esses valores são totais: para nós quatro.

Roupas

Assim como mercados, há lojas de tudo quanto é tipo e para todos os tipos de bolso. O inverno chegou? Não se preocupe, pois com £5 você compra um bom par de meias de lã, com £40 um casaco que te acompanhará por toda a estação, £10 você encontrará blusas térmicas, luvas, toucas, lencos….

Esses são os preços da coleção de verão de uma loja bem popular… Acessível, não?

Saúde

Por mais que o sistema de saúde público inglês (NHS) esteja passando pela maior crise da história deste órgão, nunca ficamos na mão.

Postos de saúde com estrutura de clínicas particulares brasileiras. Em janeiro minhas filhas pegaram chickpox (catapora) e receberam todos os remédios de graça na farmácia do bairro.

Sala de espera do nosso posto de saúde

Se uma criança precisa usar óculos, por exemplo, todo o custo é pago pelo NHS.

Das poucas vezes que precisamos comprar remédios nunca gastamos mais do que £10.

Além disso, encontramos muitos analgésicos, antitérmicos e antialérgicos nos supermercados.

Não precisamos reservar parte do salário para pagar convênio particular.

Passeios

Uma das coisas que mais me orgulho desta cidade é a infinita oferta de passeios gratuitos. Parques, museus, galerias… tudo gratuito. Passamos horas e mais horas do nosso final de semana em museus ao custo de 0 libras. Tentador!

South Kensington e seus museus maravilhosos (e gratuitos!)

Com filhos, visitar o Museu de História Natural garante longas horas de diversão e aprendizado.

Logo ali ao lado, tem o Museu de Ciências que tambem é gratuito. Mas sempre gastamos algumas libras na lojinha do museu, que é ir-re-sis-ti-vel!

Os museus contam com programas de adesão para que você se torne membro e faça contribuições anuais para pesquisa e manutenção daqueles lugares. Por que não ajudar?

Com os exemplos que citei acima acredito que dê pada ter uma ideia bem clara de como a vida acontece por aqui.

Não viver no cheque especial, não precisar usar cartões de crédito para fechar o mês e ainda assim conseguir guardar uma graninha no final do mês. Nada mal, né?

Oportunidade, acesso e poder de compra fez com que meu cotidiano fluisse num outro ritmo e, com isso, consegui pensar na vida a partir de outra perspecitva: repensar a carreira, planejar com detalhes o futuro de minhas filhas e deixar a vida me levar com mais leveza. E isso não tem preço!

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