Ao refletir sobre meu primeiro ano no Reino Unido consigo extrair algumas valiosas experiências. A mais importante delas compartilho agora.
Quando desembarquei em Londres não falava inglês. Ao menos considerava isso. Nunca havia estudado o idioma sistematicamente e “me virava” para me fazer entender nas vezes que viajei para cá.
Acontece que a vida sem legenda é bem diferente de passar alguns dias de férias no exterior. E a rotina te cobra um nível de inglês que você precisa adquirir para conseguir tocar seu cotidiano. E é sobre isso que quero falar.
Acompanho alguns grupos de brasileiros em redes sociais e leio muitos, muitos, muitos posts por dia. Meu intuito é sempre aprender alguma coisa nova e compartilhar algo que eu mesma já tenha aprendido. Aquele lema nosso que levo no peito “gentileza gera gentileza”.
Exemplo de questões da vida em português por aqui.
Dentre as muitas mensagens trocadas, há 3 tópicos que são sempre recorrentes: cleaners, courier e profissionais que atendam em português.
Exemplo da busca por empregos que não exigem falar inglês
Embora não seja vergonha ALGUMA desempenhar uma dessas duas funções, fica evidente que a escolha por esse tipo de trabalho está muitas vezes relacionada com o nível de inglês que nossos conterrâneos chegam aqui.
São trabalhos pesados, com horários alternativos e onde ficamos expostos – quer seja a produtos químicos como quando trabalhamos como cleaners, como ao tempo e à violência como quando trabalhamos como motoboys/motogirls. Além de quase sempre o salário oferecido ser um pouco acima do mínimo por hora (que agora passou para £7,83 por hora em Londres).
O conforto de se fazer entender em português faz com que muitas vezes busquemos profissionais brasileiros para nos atender. Manicures, médicos, dentistas, esteticistas…
Mais um exemplo da praticidade de encontrar profissionais brasileiros por essas bandas.
Sem duvida alguma somos uma comunidade bastante diversa e conseguimos encontrar muitos profissionais para suprir nossas necessidades.
Mas o que será que seria diferente se pudéssemos viver em inglês?
Em primeiro lugar eu acredito que as possibilidades se ampliariam no mercado de trabalho. Falando inglês um mundo todo novo se descortina perante nós e com isso muitos outros benefícios: horário de trabalho reduzido com o sonho de trabalhar Monday to Friday, além de melhores salários e benefícios.
No entanto, se tornar apto a viver uma vida em inglês é algo complexo que demanda tempo e perseverança. Não é fácil. Não é rápido. Mas dá sim pra chegar lá.
Há muitas escolas de idiomas pela cidade. Em colleges, em centros comunitários, com professores particulares, em igrejas… basta procurar e se aventurar!
Se você optar por ter aulas em um College, por exemplo, o curso pode ficar de graça se você comprovar que recebe qualquer tipo de benefício do governo.
Short course no South Thames College
Se você têm filhos, tem a opção de fazer o ESOL (English for Speakers of Other Language) nos children community centre. Esses cursos são gratuitos e eles oferecem creche para sua criança enquanto você estuda. Confira no site do Council onde você mora/ou onde irá morar.
Cursos gratuitos de ESOL no Council que moramos.
Nos supermercados, lojas e bibliotecas sempre têm anúncios de professores nativos oferecendo aulas por até £8 por hora!
Um outro jeito bem legal de dar uma turbinada no seu inglês é frequentar os meetups (encontro de pessoas). Você pode pesquisar por um meetup a partir de um tema. Literatura, por exemplo. E ir lá conversar com outras pessoas – do mundo todo! – sobre literatura. Não é legal?
Meetup para cidadãos do mundo
Além da questão da melhora de sua posição no mercado de trabalho, há algumas outras questões práticas e valiosas: explicar um desconforto para o seu médico, conseguir perguntar no mercado onde encontrar papel alumínio (já voltei pra casa sem comprar porque não sabia que era foil! Hahahahaha).
Além de ter acesso a muitas informações que, lamentavelmente, não são traduzidas para o português: documentários, matérias, músicas, pesquisas, piadas…
Revista com publicações de pesquisas em Educação. Quantas delas serão traduzidas?
Neste um ano melhorei meu inglês vivendo a vida aqui. Reuniões nas escolas das meninas, fazendo inúmeras entrevistas de emprego, passando no médico, fazendo compras, indo às bibliotecas, estudando um curso em uma universidade, ligando no call centre do banco, batendo papo nos parquinhos… essas experiências ampliaram meu vocabulário, me trouxe expressões idiomáticas, me tornou mais segura e com certeza me preparou para muitas situações que ainda viverei sem tecla SAP.
We can do it! Believe!
Muito proveitosa essa matéria ! E para contactar profissionais da área de Saúde , ( para efeito de trabalhoa ) como proceder ?
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Ola Marival. Diria que antes de mais nada, seria necessario validar o seu diploma de profissional de saude e ver quais sao os requerimentos para comecar a trabalhar. Pode ser que haja a necessidade de uma adaptacao de curso ou procedimentos. Notamos que muitas coisas sao bem diferentes das praticas utilizadas no Brasil, como por exemplo, o calendario de vacinas, que aqui eh muito menor. O fato de se encontrar remedios no supermercado nos mostra que saude aqui, ou o seu tratamento, muda bastante em relacao ao Brasil. Boa sorte!
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